sábado, 12 de março de 2011

O EMPURRÃO (texto para meditar)

" A aguia empurrou gentilmente seus filhos para a beira do ninho".
Seu coração se acelerou em emoções conflitantes, ao mesmo tempo em que sentiu a resistência dos filhotes a seus insistentes cutucões.
Por que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair?
Pensou ela. O ninho estava colocado bem alto de um pico rochoso.
Abaixo, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes.
E se justamente agora isso não funcionar?
Ela pensou.
Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento. Sua missão estava a se completar, restava ainda uma tarefa final: o empurrão.
A águia encheu-se de coragem. Enquanto os filhotes não descobrirem suas asas não haverá propósito para sua vida.
Enquanto eles não aprenderem a voar não compreenderão o privilégio que é nascer águia.
O empurrão era o menor presente que ela poderia oferecer-lhes.
Era o supremo ato de amor.
Então um a um ela os precipitou.
Às vezes nas nossas vidas as circuntâncias fazem o papel da águia.
São elas que nos empurram para o abismo.
E quem sabe não são elas as próprias circuntâncias que nos fazem descobrir que temos ASAS para voar.
(Rosana Cardeal Volpi)

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